quarta-feira, 23 de setembro de 2009

Apresentamos abaixo, mais alguns MEMORIAIS com o intuito de mostrar para os leitores um pouco da vida e dos anseios de nossa clientela de alunos da FUNASE em Petrolina.


3- UM POUCO DE MIM

Meu nome é A. L. moro no Recife, no bairro da Torre, tenho 17 anos, sou moreno claro, tenho olhos e cabelos castanhos claros, moro com minha mãe e meus irmãos. Aos 3 anos de idade minha mãe se separou do meu pai e todos os 5 filhos ficaram com ela. Aí nossa família passou por muitas dificuldades, mas minha mãe batalhava muito para nos dá pelo menos o pão de cada dia, não era do bom e do melhor, mas era o que tinha condições de ter. Passei três anos sem estudar, porque tinha perdido a certidão de nascimento, mas depois comecei a estudar. Depois de um tempo, minha mãe casou novamente, onde teve mais um filho. Até hoje estão juntos, gosto muito dele que nem um pai dá pra vê que ele também gosta muito da gente. Os irmãos eram 4 homens e 2 mulheres. Uma mulher foi do segundo casamento. Quando eu estava com treze anos de idade, eu tinha um irmão de 16 anos preso na Fundac por porte de arma e também o meu irmão mais velho de 21 anos, foi morto a tiros deixando um filho com 2 anos. Eu acho que essa foi a pior cena da minha vida, vê um irmão morto no caixão, outro no enterro algemado e minha mãe chorando e desmaiando várias vezes. Depois disso, minha vida mudou, comecei a fazer coisas erradas, andando com pessoas erradas, roubando, fumando maconha e aos 14 anos e 10 meses, fui preso pela primeira vez na Fundac, durante 1 ano e dois meses. Passei por várias coisas, sai com 16 anos, mas não adiantou nada. Voltei pra vida do crime após quatro meses voltei pra Fundac. Agora fiz 17, aqui preso, mas eu tenho um sonho: fazer minha família e ser feliz. Quando eu sair, vou correr atrás do meu sonho.
4- A METADE DA MINHA INFÂNCIA.

Quando eu tinha 10 anos gostava de vídeo game. Eu todo dia ia jogar. Aos 11 anos fui passar dois anos na roça, lá no N 10, lá perdi uma metade dos estudos, lá não tinha escola e eu perdi dois anos, mas quando eu voltei fui estudar na primeira fase. Como eu era e sou inteligente, as minhas professoras viram que eu não devia continuar na primeira fase, então já com os 13 anos fiz o Acelera na Escola São Domingos Sávio e passei para a quinta série. Já na escola eu aprendi a fumar cigarro, do cigarro eu passei para a maconha e perdi um ano. Já no outro ano, passei para sexta série. Só porque eu vi que estava me atrapalhando, a minha mãe me deu uma pisa que eu pensei: Oxe! Eu não vou mais fumar nada. Aí, já na outra escola Manoel Xavier Paes Barreto encontrei dois atrasos. Dois meninos que me ensinaram a fumar maconha todo dia. Aí perdi mais um ano e em dois mil e nove 2009, fui empolgado para passar de ano. Minhas notas estão boas ou estavam boas. Fazer o que, se eu gosto de fumar maconha. Mas nunca fiz ou deu vontade de fazer coisas ruins. Eu penso antes de fazer e aí cai aqui (na FUNASE) por besteira.


5- A MINHA HISTÓRIA.

Eu estou preso, mas um dia eu vou sair daqui. Só que eu estou errado, mas eu vou consertar o meu erro. Tem pessoas que me ajudam, mas tem pessoas que só quer me atrapalhar, mas Deus está olhando para mim.
Pai, eu me arrependo por tudo que eu fiz, coisas ruins, mas tem um Deus que olha para nós. Obrigado Senhor, por tudo que o Senhor fez na minha vida.
Aqui dentro, as psicólogas e a pedagoga sempre me ajudam, obrigado porque vocês foram umas pessoas que sempre me deram conselhos e dona Leonor é uma pessoa que é boa. Mas a pessoa tem que fazer coisas que nos levam a maldade, porque nós nascemos uma vez na vida e a gente tem que plantar coisas boas para colher coisas boas. Eu ainda tenho que aprender na vida, mas eu vou conseguir porque Deus está comigo.
Amor, só de mãe.
Paixão, só de Cristo.
Amar, só a Deus.

PAZ NO CORAÇÃO, SEM DROGA E SEM OITÃO.